Meu bebê tem refluxo – O que fazer?

Os bebês podem apresentar uma ampla gama de sintomas pouco específicos que podem ser confundidos como sintomas de Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Nem sempre é claro se essas manifestações clínicas são resultado direto da DRGE ou de outra enfermidade, o que pode resultar em sub diagnóstico e tratamento errôneo. A primeira coisa que a mãe ou o pai precisam saber é que a automedicação jamais pode ocorrer.

O histórico médico completo e o uso de questionários sobre refluxo podem desempenhar papéis importantes na determinação da gravidade dos sintomas e da saúde geral do bebê. Questionários validados especificamente para esse objetivo, projetados para detectar a DRGE, fornecem ferramentas padronizadas para avaliar a gravidade e frequência de sintomas como regurgitação, vômito e irritabilidade.

Esse procedimento precisa ser conduzido por um pediatra, ou, se possível, um gastropediatra como os que atendem no IMEPE, para haver precisão na análise clínica. Bebês e crianças pequenas ainda tem órgãos em formação, portanto podem ter sérias consequências em caso de tratamento indevido.

Como identificar refluxo no bebê?

O pH do refluxado é considerado um fator importante na determinação da gravidade e das características clínicas da DRGE. Refluxado ácido (ou seja, pH < 4) tem sido tradicionalmente considerado o mais importante subtipo de refluxo na patogênese da DRGE. No entanto, recentes estudos demonstraram que o refluxado fracamente ácido (ou seja, pH 4–7) e não ácido (ou seja, pH > 7) também são subtipos importantes que desempenham um papel importante.

O refluxo fracamente ácido ou não ácido compreende uma proporção significativa do total de episódios de refluxo em bebês. Estudos relatam a proporção de episódios de refluxo fracamente ácidos ou não ácidos em relação ao número total de episódios em bebês é de 53% a 56%. Além disso, o refluxo não ácido demonstraram estar mais intimamente relacionados com o desconforto do bebê mais do que o refluxo ácido. Também foi sugerido que o volume do refluxo está mais fortemente associado ao sofrimento infantil do que ao pH. A caracterização do subtipo de refluxo com base no pH é importante e pode ter implicações clínicas, pois pode influenciar as decisões de manejo e a escolha da terapia.

Embora a caracterização do refluxado como ácido, fracamente ácido ou não ácido pode ter implicações clínicas, as investigações para determinar o subtipo de refluxo são relativamente invasivas e não universalmente disponíveis. O teste primário para DRGE ácida é o exame esofágico de 24 horas.

Exame de pHmetria esofágica

Para se chegar a esse laudo, é fundamental a realização de um exame conhecido como pH-metria esofágica. O IMEPE é uma das poucas clínicas que possuem os equipamentos necessários para a condução deste exame em bebês, crianças, jovens e até adultos, se o caso.

Os profissionais de saúde são frequentemente solicitados pelos cuidadores a prescrever terapia de supressão ácida, mesmo quando a condição não está relacionada ao ácido. Os perfis de eficácia e segurança dos Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) e Bloqueadores da Histamina (H2Ras) não justificam seu uso no refluxo não ácido.  Os IBPs podem ser usados como parte de um ensaio diagnóstico curto (<8 semanas) em uma dose apropriada (1–3 mg/kg/dia) se o ácido há suspeita de refluxo. Se a supressão ácida a longo prazo (>8 semanas) for ineficaz e um diagnóstico definitivo de DRGE relacionada à acidez não for estabelecida, justifica-se a reconsideração da escolha do tratamento.

São poucas as evidências que apoiam o uso de agentes procinéticos, ou seja, fármacos que atuam para aumentar a pressão do esfíncter esofágico inferior, diminuir a regurgitação e acelerar o esvaziamento gástrico. Por outro lado, há potenciais eventos adversos associados, razão pela qual se desaconselha o uso de medicamentos.

Fonte: Yvan Vandenplas | Marina Orsi | Marc Benninga| Felizardo Gatcheco|  Rachel Rosen| Mike Thomson. Infant gastroesophageal reflux disease management consensus. |Acessado em 12 de dezembro de 2023 DOI: 10.1111/apa.17074

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